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Derrota "10 de Espadas"

Finalizando a história do 8 de Copas – ou a minha história com o 8... – chegamos ao trágico desfecho do 10 de Espadas. Essa carta nos ensina que nem todas as histórias têm um final feliz, mas uma coisa é certa: elas sempre chegam ao fim, de um jeito ou de outro.

10 de Espadas

Na ilustração dessa carta vemos um desfecho alternativo para o 8 de Copas: o homem que decidiu permanecer, tentando reorganizar as taças em busca do equilíbrio perfeito. No entanto, essa escolha o levou à derrota. Ele não tem mais forças para lutar, atingiu o limite da exaustão e, agora, desistir ou partir já não são opções que estejam ao seu alcance. O fim chegou, e não há escolha a ser feita – independentemente de sua vontade, o destino se impôs. As espadas o atingiram, ele caiu ao chão, e qualquer possibilidade de um final diferente foi perdida.


Na imagem, vemos um homem caído, perfurado por dez espadas – uma cena que alude à morte, ainda que simbolicamente. Como toda carta de número 10, esta representa o fim da jornada, a conclusão inevitável. O homem foi derrotado, sem condições de reagir ou mudar o desfecho de sua história. No entanto, o Tarot sempre nos lembra que todo fim é, na verdade, um recomeço. Cada encerramento marca o início de uma nova jornada – uma nova história que se inicia. A anterior foi um fracasso, mas deve ser encarada como aprendizado para que o próximo desfecho seja diferente.


Se observarmos com atenção, o céu da carta é negro e sombrio, refletindo a dramaticidade e a derrota. No entanto, ao fundo, um novo dia começa a nascer. O céu amarelo e vibrante anuncia um recomeço. O ciclo se fecha, mas a vida segue adiante.


E é por isso que encaro essa carta como uma representação de parte da minha história. Como já compartilhei em outras postagens, passei por um término de relacionamento. E, embora não tenha orgulho em dizer, foi um relacionamento extremamente abusivo e tóxico. Fui traído diversas vezes, tive minha autoestima destruída e, mesmo estando plenamente consciente da situação — com amigos me aconselhando e eu próprio sabendo que aquilo não era certo —, não conseguia sair. Eu insistia. Estava desesperado. Sempre encontrava uma desculpa para justificar o que estava acontecendo e acreditava que meu ex-companheiro poderia mudar, que poderia se tornar a pessoa que, um dia, pensei que ele fosse.


Ao final de tudo, foi ele quem terminou comigo, depois de três longos anos. E, olhando em retrospecto, talvez essa tenha sido a única coisa boa que ele fez por mim. Especialmente porque eu não teria conseguido terminar por conta própria. Eu estava me destruindo, mergulhando em um estado depressivo que só piorava. E, ainda assim, ele não terminou por se preocupar comigo ou por reconhecer que me fazia mal, mas sim por puro egoísmo, para poder seguir vivendo como queria, sem que minha presença fosse um obstáculo. Esse foi o meu 10 de Espadas. Insisti até não restar mais nada de mim.


Mas a derrota não veio no momento em que o namoro acabou — ela já havia acontecido muito antes. Quando eu estava tão destruído que me sentia preso. Quando eu descobria cada nova traição, cada novo desrespeito, e ainda assim não conseguia reagir. Não conseguia enxergar um futuro para nós, mas também não conseguia terminar. Apenas esperava. Sem forças, apenas aguardava o fim inevitável, torcendo para que, em algum momento, eu simplesmente não aguentasse mais ou que ele mesmo colocasse um ponto final nisso, pois eu já estava "morto".


Por isso, o 8 de Copas traz aquela urgência em partir — como mencionei em uma postagem anterior. Se ficamos além do tempo necessário em um lugar que já não tem nada a oferecer além de desequilíbrio, acabamos perdendo partes de nós mesmos. E, se perdemos demais, terminamos como o homem do 10 de Espadas: derrotados, esperando passivamente pelo fim da história. Perdemos o direito de escolha, a capacidade de agir.


O naipe de Espadas representa o elemento Ar, nossos pensamentos, nossa racionalidade. E essa carta simboliza o momento em que estamos completamente destruídos mentalmente. Chega um ponto em que não há mais nada a fazer, além de aceitar a derrota e recomeçar em outro lugar. A batalha foi perdida, e saímos derrotados. A única opção é seguir em frente. Afinal, um novo dia sempre nasce, a vida continua e novas lutas virão.


A jornada das Espadas nos ensina que nem sempre sairemos vitoriosos. Às vezes, vamos perder. E, por mais difícil que seja, não há nada que possa ser feito além de aceitar e aprender com isso. A vida não é feita apenas de vitórias. O importante é transformar as derrotas em aprendizado. Não há evolução sem sofrimento — é na dor que crescemos.

No pain, no gain! O bordão dos "marombas" se encaixa perfeitamente nessa lógica.


Claro, no meu caso, o 10 de Espadas se manifestou de uma forma extremamente intensa, mas, no geral, essa carta surge como um alerta. Ela avisa que o fim está próximo e que a derrota é inevitável. No entanto, não precisamos chegar ao ponto de sermos completamente nocauteados. Podemos levantar a bandeira branca antes, aceitar a conclusão e seguir em frente. Com o tempo, novas oportunidades surgirão e, aquilo que uma vez nos derrubou, já não terá o mesmo impacto. Criamos resistência e nos tornamos menos vulneráveis – mas isso só acontece se estivermos dispostos a aprender a lição.


E acredito que esse seja o verdadeiro propósito da vida: evoluir, aprender e estar sempre em constante crescimento. A existência é uma jornada contínua de aprendizado, e aquilo que não nos destrói nos fortalece. Cada queda nos faz crescer. Por isso, essa carta também carrega uma mensagem bonita – ela nos dá esperança. Ela nos lembra de todas as vezes que fomos derrotados e de como, depois de cada uma dessas quedas, nos tornamos mais fortes.


Esses dias, fui ao casamento de um casal de amigos. O noivo, anos atrás, viveu um longo relacionamento de seis anos, que terminou porque sua então namorada não queria se casar. Ele sofreu muito com o fim e, inevitavelmente, se questionou: "Por que não deu certo?". Ontem, ele teve sua resposta. Ele se casou com uma amiga minha, alguém que conheceu anos depois daquele término, na faculdade. Às vezes, não entendemos os motivos e os porquês da vida, mas o tempo sempre nos mostra que todo fim é, na verdade, um recomeço. No caso dele, sua esposa precisava que ele estivesse disponível para entrar em sua vida – mesmo que, na época, nenhum dos dois soubesse da existência do outro.


Isso me deu esperança, sabe? Histórias assim nos fazem perceber que a derrota de hoje pode ser a vitória de amanhã. E que, talvez, o universo esteja nos preparando para algo maior. Como disse antes, o único caminho para o crescimento passa pela dor, pela dificuldade e pelos desafios. Então, se algo não deu certo na sua vida, tenha calma. Nada foi um desperdício. Você apenas ganhou mais experiência e está mais preparado para a próxima rodada.


Na imagem, o 10 de Espadas do Universal Waite Tarot Deck.


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