Me Mimei! '6 de Copas'
- Patrick Padilha

- 7 de mai.
- 5 min de leitura
Hoje a postagem não vai ser triste ou melancólica — é um 'momento quentinho'. Me mimei, me mimei, me mimei... O desktop do pai está atualizado! Kkkkk

E o que isso tem a ver com o tarot? Tem uma carta que explica exatamente esse momento. Como eu estudo o tarot, muitas vezes acabo associando os acontecimentos da minha vida às cartas — já virou algo automático.
Desde criança, um dos meus sonhos sempre foi ter um setup gamer. Eu amava jogar no computador (hoje em dia já nem sei se ainda gosto tanto — pra ser sincero, nem sei mais do que gosto ou não), mas eu nunca tive. Minha família sempre teve boas condições financeiras, mas meus pais nunca viram isso como uma prioridade. No fim das contas, acabei nunca realizando esse desejo.
Por causa da minha faculdade de Arquitetura e Urbanismo, acabei conseguindo montar um desktop com um monitor e uma CPU excelentes. Sério, minha CPU acende várias luzes quando liga, é a coisa mais linda (pelo menos pra mim). Quem conhece um pouco do curso sabe: a profissão exige um computador potente, capaz de rodar programas pesados — (tecnologia BIM, te odeio!).
Mas até então, meu mouse e teclado eram bem simples: aquele teclado antigo, guerreiro, de antes de 2012, e um mouse de 50 reais comprado no mercado. Apesar de já ter tido condições de fazer esse upgrade leve, eu sempre deixava pra depois ou preferia gastar o dinheiro com outra coisa.
Como vocês já estão cansados de saber, eu não tenho estado bem emocionalmente. Perdi, de verdade, o gosto pelas coisas. Nada parece me agradar de fato. Estou nesse processo de tentar reconstruir o que me dá prazer, o que eu realmente gosto na vida. E, olhando pro meu desktop, me veio aquela vontade de finalmente ter um mouse e teclado com luzes — daqueles que dá pra usar no escuro sem precisar enfiar o rosto nas teclas pra enxergar.
E olha… eu tô muito feliz. Sério. Só de ouvir o barulhinho das teclas — quem tem teclado mecânico vai entender — já é satisfatório demais. E eu só consigo pensar: "por que eu não fiz esse upgrade antes?" Minha criança gamer interior está radiante agora!
E é isso que nos leva de volta ao tarot. O 6 de Copas é uma carta muito bonita — e até fofa, ouso dizer — que fala justamente sobre a nossa infância, ou melhor, que se remete a ela. Não necessariamente no sentido literal de lembrar o que vivemos quando éramos crianças, mas sim de como a criança que fomos um dia influencia profundamente quem somos hoje.

Essa carta traz à tona toda a egrégora que envolve a infância: a inocência, o olhar encantado, o mundo mágico e fantástico, a simplicidade das coisas e uma forma mais açucarada de enxergar a vida. E foi exatamente isso que senti hoje. Ao me presentear com algo que minha criança interior sempre quis — um setup bonito, com luzes, com um toque de fantasia e prazer simples — eu, sem querer, ativei esse lugar em mim que andava adormecido.
O Seis de Copas não fala só de nostalgia. Ele fala de reconexão, de amizades verdadeiras, de inocência emocional, de sinceridade nos laços e de perdão — daquele tipo simples e imediato que só uma criança consegue sentir. Como quando ela briga com um amigo e sente a maior raiva do mundo, mas minutos depois já estão rindo juntos de novo, como se fossem almas gêmeas. Ou quando conhece alguém pela primeira vez e, em questão de minutos, já estão brincando como se fossem melhores amigos de infância.
E hoje, eu me reconectei com uma parte minha que ainda consegue se encantar com o barulhinho das teclas, com uma luz colorida no escuro, com o prazer de cuidar de algo só meu. E isso, pra mim, já é mágico o suficiente.
Alguns livros que falam sobre essa carta explicam que o processo de se tornar adulto nos poda bastante. Aos poucos, vamos construindo barreiras e paredes em volta da nossa essência: “pode isso, não pode aquilo”, “faz assim, não faz daquele jeito”, “não confia demais”, “cuidado com isso...”. Além disso, vêm as obrigações e deveres da vida adulta, que muitas vezes nos amarram mais do que o necessário.
Quando o Seis de Copas aparece numa leitura, ele traz o convite de refletir sobre como temos lidado com essas barreiras — e, principalmente, o que ainda fazemos no nosso dia a dia que honra a nossa criança interior. Se estamos passando por uma fase difícil — como é o meu caso, sentindo essa desconexão dos prazeres da vida, esse "sem sabor" —, essa carta nos convida a lembrar do que, um dia, nos fez sentir que a vida valia a pena. O que me animava? Como eu era? E por que deixei de ser?
Afinal, entre todos os períodos da nossa existência, a infância é aquele em que nossa essência mais transparece, justamente porque tivemos pouco contato com as exigências do mundo e ainda não tínhamos construído tantas camadas para nos proteger.
Mesmo assim, esse processo não é fácil. Tentar se resgatar por si só não é algo que a gente consiga resolver sentando numa mesa e fazendo um checklist — vai muito além disso. E, com certeza, uma ajuda profissional (como a terapia) seria muito bem-vinda nesse caminho.
Mas esse pequeno momento aqui, escrevendo esse relato no meu teclado todo iluminado, me faz lembrar que a empolgação está a um passo de distância. E que sim, eu gosto de muitas coisas — só preciso me lembrar dos motivos.
Sabe aquela expressão "me fez sentir jovem de novo" ou "isso me lembra de quando eu era criança ... tem gosto de infância" ? É sobre essas memórias afetivas, esses momentos em que a gente simplesmente se permite ser. Como quando sentamos com amigos para tomar umas doses e acabamos rindo como uns paspalhões. Ou quando estamos numa confraternização, conhecemos pessoas novas e, mesmo sem saber nada sobre elas, confiamos, nos abrimos e nos divertimos.
Ou ainda, quando voltamos bêbados no Uber pra casa e soltamos aquele clássico: “a minha vida está uma confusão, seu Carlos...”. Nesses momentos, quem assume o controle é a nossa criança interior. A gente consegue, nem que por instantes, transpor aquelas barreiras que a vida adulta nos impôs — e deixar nossa essência verdadeira transparecer.
O 6 de Copas é uma carta muito especial. Muitas vezes, ela fala de lembranças, nostalgias e de momentos passados e positivos da nossa vida. Enquanto várias cartas do tarot se conectam a diferentes tempos — passado, presente ou futuro —, o 6 de Copas sempre olha para o passado. Mas não qualquer passado: aquele que deixa saudade, que desperta boas sensações ou que, mesmo tendo sido doloroso, acabou nos ensinando algo importante.
É uma carta que, muitas vezes, traz a mensagem de que a resposta está na lembrança — em como nos sentimos frente às situações que vivemos. Afinal, foram justamente as experiências do início da nossa vida que ajudaram a moldar quem somos hoje. E se, por acaso, nos sentimos perdidos em relação a algo, talvez olhar com carinho para o passado possa trazer exatamente a clareza que estamos buscando.
Complexo, eu sei. Essa carta, pra mim, merecia ser um arcano maior, de tão rica e profunda que pode ser — e pela quantidade de aspectos que ela toca e revela. Acho que me empolguei mais do que o necessário aqui, quase dei uma aula completa sobre o 6 de Copas. Mas, como todo veículo de autoconhecimento, essas reflexões podem ser muito valiosas, dependendo do momento que cada um de nós está vivendo.

Então, se a vida parecer meio sem sal, ou se seus sonhos antigos foram esquecidos, talvez este seja o lembrete que você precisava para voltar alguns anos no tempo e se reconectar com a sua criança interior. Se ela pudesse falar com você hoje, o que ela diria? E, mais ainda: o quão feliz ela ficaria ao ver onde você chegou?
Na imagem o 6 de Copas do Universal Waite Tarot Deck, The Wild Unknow Tarot Deck & Guidebook e Forest Of Enchantment Tarot.


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